Com as prisões, mais da metade dos vereadores da Casa da Cidadania, 8 no total, têm seus nomes envolvidos em crimes como corrupção passiva e ativa e associação criminosa
A operação denominada
“Queda d’água” prendeu temporariamente os vereadores Marcílio de Faria e Carlos
Alberto Cachoeira, na última quarta-feira 9, que também foram afastados de suas
funções, através de decisão deferida pelo juízo Criminal de Araxá. Os vereadores
estão sendo investigados pela compra de apoio político na Câmara Municipal,
encabeçada por Miguel Junior, o então presidente.
Na quinta-feira 10, os
delegados dr. Felipe Cézar Columbari e dr. Conrado Costa da Silva promoveram
entrevista coletiva para falar sobre as duas prisões.
Segundo o dr. Felipe, os
elementos colhidos durante a investigação apontam a participação dos dois
vereadores na compra de apoio político e mais uma vez houve a necessidade da
prisão dos vereadores e o afastamento deles do cargo, para que não haja
prejuízo nas provas. Ainda segundo o delegado, tudo o que Miguel Júnior falou
em depoimento tem se comprovado nos autos, e há duas semanas a Polícia já tinha
dito em outras entrevistas que dois vereadores estavam sendo investigados,
porém, surgiram novos elementos e provas contra os vereadores Marcílio e
Cachoeira. O nome da operação “queda d’água” é em referência ao apelido do
vereador Carlos Alberto, o Cachoeira, que foi citado em vários depoimentos
durante as investigações. “O vereador Carlos Alberto Cachoeira foi um nome
ventilado durante toda a investigação, várias pessoas me perguntando se a
investigação não ia chegar nele, e foi uma questão de tempo”, diz o dr. Felipe.
Nos autos do inquérito, Miguel
cita Cachoeira e Marcílio como se os dois estivessem envolvidos em um
empréstimo consignado que foi pago por Miguel em troca do apoio político deles.
Isso segundo a polícia foi comprovado por outras provas. Os vereadores
Cachoeira e Marcílio foram ouvidos na sexta-feira e até o fechamento desta
edição continuavam detidos no presídio regional de Araxá.
O vereador Romário Picolé
foi ouvido na quinta-feira, 10, como testemunha e todos os vereadores devem ser
chamados para prestar esclarecimentos. O inquérito que investiga os vereadores
é o da compra de apoio político, e pelo o que a polícia tem até hoje, não há a
necessidade de prender mais vereadores. Porém, o depoimento do vereador
Cachoeira foi aguardado com muita expectativa, pois pode ter revelado mais
algumas participações.
O delegado esclareceu ainda sobre o salário dos vereadores afastados, que se condenados, deverão devolver todo o valor que estão recebendo durante este tempo de afastamento.
Outros inquéritos:
A Polícia Civil está com
cinco inquéritos em aberto, que apura desvios em entidades e corrupção, são
eles: Compra de apoio político, destinações de subvenções para APAE, Associação
dos Aposentados e Pensionistas de Araxá, o inquérito mais consistente até agora,
apontando que houve pelo menos um mal emprego dos valores exorbitantes que
foram repassados no ano passado e fortes indícios de desvio de verbas, e a Associação
Co Afro também está sendo investigada.
O delegado dr. Felipe, na
entrevista coletiva, ainda desabafou sobre a corrupção em nossa cidade e país: “o
que não pode ser aceito é dinheiro de origem ilícita, ainda que em nome do
benefício da população, isso não é inconcebível num estado democrático de
direito, num estado onde a corrupção tem levado toda a nossa saúde, educação e
segurança pro ralo”, declarou.